Boqueirão da Onça
O Programa atua nos municípios de Sento Sé, Campo Formoso, Juazeiro, Sobradinho, Morro do Chapéu e Umburanas, numa região conhecida como Boqueirão da Onça (9000km²), no norte da Bahia. Considerado um dos maiores contínuos de vegetação nativa de caatinga, em 2018 tornou-se um conjunto de Unidades de Conservação (UCs): o Parque Nacional do Boqueirão da Onça (347 mil ha) e a Área de Proteção Ambiental do Boqueirão da Onça (505 mil ha), que engloba em sua poligonal a Zona de Vida Silvestre da Toca da Boa Vista (11 mil ha).
Visite o ParNa e a APA Boqueirão da Onça
a Caatinga
características
A palavra Caatinga vem do tupi: ka’a [mata] + tinga [branca] que significa “mata branca”, por causa do aspecto de sua vegetação durante as épocas de seca. Compreende uma área de 844.453 km², representando quase 70% da região nordeste e 11% do território nacional. Seu ambiente é único e tudo o que nele coexiste, clima, solos, flora, fauna, populações humanas, tem especificidades únicas. A ocupação da região e as interações que historicamente se estabeleceram entre pessoas e o ambiente, além das características individuais de todos os elementos que compõem o ecossistema, precisam ser melhor conhecidas e desveladas. É um patrimônio natural, paleontológico, social e antropológico riquíssimo que desafia pesquisadores. A região do Boqueirão da Onça, por exemplo, é onde se encontram as maiores cavernas do Brasil. Historicamente, a Caatinga sofre grande pressão de ocupação e exploração, mas dentre os biomas brasileiros é o mais desconhecido biologicamente.
CLIMA
A Caatinga apresenta um clima semiárido com médias de temperaturas anuais que podem variar de 20º a 35º, com duas estações bem definidas, a seca, com períodos de estiagem que podem variar de seis a 10 meses, e a chuvosa, com baixa quantidade de chuva anual, média de 300 a 800 mm. Depois do Cerrado, é o segundo bioma mais suscetível às mudanças climáticas. Os longos e severos períodos sem chuva na região têm impacto socioeconômico substancial sobre a população sertaneja. O clima semiárido resultou, direta ou indiretamente, numa base econômica rural sustentada na criação extensiva de caprinos e ovinos e na agricultura familiar, que, aliado à extração de recursos naturais para uso doméstico, refletem em problemas ambientais crônicos. Adicionalmente, estes impactos provocados pela pressão antrópica têm culminado em núcleos de desertificação em algumas regiões da Caatinga, que ameaçam a persistência das espécies de fauna e flora.
Vegetação
A Caatinga é considerada uma das mais biodiversas Florestas Tropicais Sazonalmente Secas (FTSS), composta por um mosaico de fitofisionomias xerófilas, decíduas, lenhosas e espinhosas, representadas pela umburana, a aroeira, o umbu, a baraúna, a maniçoba, a macambira, o juazeiro, e também por cactáceas como o xique-xique e o famoso mandacaru. Suas 13 ecorregiões ocorrem exclusivamente em território brasileiro. São mais de 4.800 espécies vegetais, sendo que aproximadamente 900 delas são endêmicas.
FAuna
A fauna caatingueira é composta por quase 2.000 espécies, sendo 300 delas endêmicas:
+ de 180 mamíferos
+ de 590 aves
+ de 220 répteis
+ de 90 anfíbios
+ de 370 peixes
+ de 220 abelhas
Não existem mamíferos carnívoros endêmicos da Caatinga, mas várias espécies estão na lista nacional de ameaçadas de extinção como, por exemplo, a onça-pintada e a onça-parda. Espécies ameaçadas que compõe a fauna caatingueira:
-
tatu-bola-do-nordeste (Tolypeutes tricinctus)
-
guigó-da-Caatinga (Callicebus barbarabrownae)
-
onça pintada (Panthera onca)
-
onça-parda (Puma concolor), apesar de não estar ameaçada pela lista nacional, ela consta na lista vermelha do bioma
-
Arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari)
-
Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) – inspirou o filme Rio e Rio 2, da Disney, mas que negligenciou a origem e distribuição natural (Caatinga) da espécie.
-
Soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni)
-
morcego (Xeronycteris vieirai) – endêmico da Caatinga
registros hiStóricos
O Boqueirão da Onça é muito rico em vestígios e materiais históricos. Milhares de pinturas rupestres estão preservadas em diversas partes da região. Desenhadas por povos nômades, estima-se que datam de 5000 a 12000 anos. Além disso, centenas de fósseis de animais e vegetais foram e ainda podem ser encontrados tanto nas cavidades da região, como por exemplo de preguiça-gigante, do tigre-dente-de-sabre, quanto nas milhares de paredes rochosas que podem ser admiradas por olhos mais curiosos. Centenas de artefatos históricos já foram encontrados, como ferramentas feitas de pedra lascada ou lapidada.